quinta-feira, 14 de maio de 2009

RELATÓRIO DA AULA DE ALFABETIZAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO- FACED/PROJETO IRECE
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA- SÉRIES INICIAIS/ENSINO FUNDAMENTAL.
CICLO DOIS
ATIVIDADE- 2216- Alfabetização

CURSISTAS- Macicleide S. Pires, Daniela Alecrim, Marizete Macêdo, Cristina Aleluia e Claudjane Barbosa.




INTRODUÇÂO


No início dos anos 1980, pesquisas da educadora argentina Ana Teberosky mostraram como é produtivo agrupar os pequenos com colegas que apresentam hipóteses diferentes (mas próximas) sobre leitura e escrita. Apesar de tudo isso poucos professores utilizam os grupos de forma criteriosa.
Hoje, um dos núcleos de destaque na investigação sobre a interação é integrado Por César Coll, da Universidade de Barcelona, que, entre outros aspectos, estuda o papel do professor. Segundo ele, cabe ao educador criar condições para que os alunos realizem o trabalho com os próprios instrumentos e manter o agrupamento sempre produtivo. (Nova Escola 2009 p. 37)
O objetivo desta atividade é proporcionar aos alunos do 2º ano –(1ª série) da professora Luciene Rodrigues da Escola Sinésia Caldeira Bela, a lerem e escreverem a parlenda “O Rei Capitão”. Inicialmente foi feito um diagnóstico das hipóteses de leitura e escrita individuais de cada aluno, em seguida o planejamento da atividade com os agrupamentos mediante as suas escritas. No final a aplicação da atividade em sala e o acompanhamento dos resultados obtidos através das observações e registros escritos das professoras cursistas.




RELATO DE OBSERVAÇÃO NO DIAGNÓSTICO DE LEITURA E ESCRITA

LUCIANA

É uma aluna que tem um pequeno repertório de letras, porém tem consciência de que as palavras são formadas por sílabas. Sendo assim, ela já faz um controle de quantidade de letras ao registrar as palavras.

JEFERSON
O aluno Jeferson tem amadurecimento e consciência de que as palavras compõem em sílabas e que todas as escritas que ele fez faltavam letras, pois ele não conhecia todas as letras e justificava sempre que estava registrando os pedacinhos errados. Escrevia com segurança apenas as vogais e as consoantes: L, J, B, P e V que conhecia.

CLEILTON
Ele já da conta e tem segurança de escrever palavras se preocupando com a relação da linguagem oral e escrita.
Ao ler a frase, ele leu a primeira palavra justificando em sílaba e as outras, leu de forma linear sem decodificar.
Ao escrever palavras se preocupou com a quantidade de sílabas, sabe que uma sílaba não tem apenas uma letra e relaciona a sua leitura com o que escreve.


PAULO HENRIQUE
Esse aluno demonstrou-se bastante atento e envolvido com a realização do diagnóstico. Ao registrar a palavra lapiseira ele fez uma pergunta referente à sílaba sei se era escrita com S ou com Z, de modo que fez o registro usando a letra Z relacionando a sua leitura ao som da letra.

ALISSON
Alisson apresenta escrita pré-silábica, reconheceu todas as letras que escreveu na palavra proposta pela professora. Ao ler não apontou as sílabas nem as letras, leu a escrita inteira. Ao pedir para escrever a frase “Comprei o caderno na papelaria” ele disse que não sabia fazer, e na verdade nem mesmo conseguiu repetir a frase oralmente. Na escrita que ele fez da frase, leu apenas “comprei caderno”.


PLANEJAMENTO DE AULA

Na avaliação diagnóstica que fizemos com os 20 alunos presentes na sala da professora Luciene, encontramos seus alunos assim:
- 2 alunos com hipótese pré-silábica
- 3 alunos com hipótese silábica sem valor sonoro
- 3 alunos com hipótese silábica com valor sonoro
-7 alunos com hipótese silábica - alfabética
- 5 alunos com hipótese alfabética

OBJETIVO:
Refletir sobre o sistema de escrita, a partir dos desafios propostos pelo encaminhamento.

PROPOSTA 1: Leitura da parlenda Rei Capitão...
Encaminhamento da atividade:
1-Distribuir para cada dupla a parlenda dividida em palavras ( cada palavra em um cartão).
2-Propor a cada uma das duplas que organize a parlenda para que fique na ordem em que todos cantaram.
3-Informar que não poderão sobrar palavras, pois todas pertencem à parlenda.

Duplas de trabalho:
David (escrita silábica com valor sonoro)
Luciana (escrita silábica sem valor sonoro)

Marcos (escrita silábica - alfabética)
Jeferson (escrita silábica com valor sonoro

Cleilton (escrita silábica – alfabética)
Maxuel (escrita silábica com valor sonoro




PROPOSTA 2: Escrita da parlenda Rei Capitão...
Encaminhamento da atividade:
1-Distribuir para cada dupla as letras móveis previamente selecionadas pelo professor (oferecer somente as letras que de fato fazem parte da parlenda).
2-Propor que escrevam a parlenda utilizando todas as letras ali disponíveis, sem deixar sobrar nenhuma.
Duplas de trabalho:
Janiele (escrita alfabética) Mateus (escrita alfabética)
Paulo Henrique(escrita alfabética) Hugo (escrita alfabética)

Etiene (escrita silábica - alfabética)
Ester (escrita alfabética)


PROPOSTA 3- Escrita da parlenda Rei Capitão...
Encaminhamento da atividade:
1-Distribuir para cada dupla em conjunto de letras móveis.
2-Propor que escrevam a parlenda considerando o seguinte critério: Cada aluno da dupla coloca uma letra, justifica o que já está escrito até ali e passa a vez para o colega que continua a escrita, colocando outra letra e justificando. E assim sucessivamente.

Duplas de trabalho:
Alisson (escrita pré-silábica)
Thalita (escrita silábica sem valor sonoro)

Tamires (escrita silábica - alfabética) Kátia (escrita silábica sem valor sonoro)
Anderson (escrita silábica – alfabética) Marimel (escrita silábica - alfabética)






DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE:

Depois da aula com a professora Geovane Zen, já tínhamos em mente o conteúdo a ser trabalhado em sala com os alunos e os objetivos específicos da atividade. Como na escola Sinésia Caldeira Bela só há uma sala de grupo 07 (2º ano), tivemos que distribuir os 20 alunos presentes na turma para os cinco professores cursistas realizarem o diagnóstico inicial da atividade para verificar o nível de conhecimentos de cada aluno individualmente, pois como diz César Coll “A aprendizagem sempre tem como base conceitos, concepções, representações e conhecimentos construídos durante as experiências prévias dos estudantes.
O diagnóstico inicial com nomes e frases de materiais escolares foi o que nos deu apoio para montar os grupos e realizar a atividade “O Rei Capitão” de forma produtiva.
Cada professor cursista ficou responsável para diagnosticar a leitura e a escrita de 5 alunos, e numa sala reservada para este trabalho fomos atendendo cada um individualmente e fazendo os registros necessários numa folha a parte mediante as suas ações. Eles fizeram a escrita e a leitura da palavra à sua maneira. Percebemos que a maioria dos alunos demonstraram mais dificuldades na escrita da frase : “ Comprei o caderno na papelaria”.
No dia 13-04-2009 realizamos a atividade na sala com as três propostas. Neste momento tivemos que fazer alguns ajustes nos agrupamentos, pois faltaram 2 alunos 1 pré-silábico (Ingrid) e 1 silábico alfabético (Tássila). Como não tínhamos outras opções agrupamos Marimel e Kátia, mesmo sabendo que Kátia é silábica sem valor e Marimel silábica alfabética. Como Kátia é muito esperta e já observa o som das letras a atividade foi desafiadora para a dupla.
Para darmos mais assistência aos alunos, trabalhamos também em duplas. A professora Claudjane acompanhou os alunos da primeira proposta, Macicleide e Marizete ficaram com os alunos da segunda proposta e Daniela e Cristina Aleluia com os da terceira, como constam em anexo A. Acompanhamos todas as duplas, porém relatamos apenas as que apresentaram maiores dificuldades para escrever a parlenda:
Com a dupla Davi e Luciana na proposta 1, observamos que Davi já percebe a letra inicial e a letra final. Já Luciana nas vezes que se arriscou a pegar a palavra justificava sem noção alguma da letra final e inicial. Eles tiveram dificuldades na hora de identificar a palavra capitão, pois entraram em conflito com a palavra coração porque as duas palavras começam com c e terminam com ao. Com a intervenção da professora: - observem a escrita das duas palavras e leiam o início de cada uma. Davi leu co em coração e ca em capitão e assim descobriu a palavra pela sílaba inicial.
Na proposta 2 os alunos tiveram como grandes desafios as questões ortográficas principalmente nas letras L, U, R e S. Janiele e Paulo Henrique escreveram a parlenda assim: REI CAPITÃO CODADO LADÃO MOÇU BONITO DO MEL CORAÇA. Sobraram as letras R e O. Com a intervenção para que lessem com cuidado as palavras, Janiele percebeu que faltava a letra o em coração e Paulo Henrique, que faltava o R em ladrão, mas se embaralhou ao encaixar esta letra, Janiele que foi mais rápida buscou a letra e pos antes da sílaba ao.
As palavras codado, ladão, moçu e mel que eles tinham escrito também precisavam de intervenções. Foi através do som de cada sílaba e da leitura lenta da palavra, que eles perceberam que algumas letras estavam trocadas e que no início da palavra soldado se ler sol e não col.
Ao observar a escrita de Thalita e Anderson na proposta 3, percebemos que eles tinham muitas dificuldades e insegurança na escolha das letras para cada palavra. Ao justificar as letras escolhidas eles liam a palavra e a parlenda novamente, se preocupando com o som e a escrita de cada palavra. Eles pensavam bastante nas escolhas e só colocavam as letras que tinham segurança.



ALUNOS TRABALHANDO COM A PROPOSTA 03



ALUNOS TRABALHANDO COM A PROPOSTA 02



ALUNOS TRABALHANDO COM A PROPOSTA 01



CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Ao aplicar esta atividade na sala de aula, percebemos a grande importância que tem em conhecermos antecipadamente o nível de leitura e escrita dos alunos, pois o diagnóstico inicial foi essencial para fazermos os agrupamentos de forma produtiva.
Levar para a sala de aula uma atividade com diferentes propostas considerando o nível de aprendizagens dos alunos e definir as duplas de trabalho a partir do que eles sabem a respeito da escrita levou-nos a compreender que é desafiador realizar esta atividade com todos os alunos desde os pré-silábicos até os alfabéticos, pois vimos que ela traz grandes contribuições também para o professor, ajudando-o a analisar a sua prática, organizar o seu planejamento e pensar em intervenções que levem os alunos a questionar o que ele está lendo e escrevendo.
Com mais de um professor na sala ficou mais fácil aplicar esta atividade, pelo fato de termos condições de atender a todos os alunos utilizando as intervenções necessárias para que a atividade proposta fosse realizada com êxito.
Falar de alfabetização em nosso país é extremamente difícil, principalmente quando temos de alfabetizar em comunidades onde o percentual de pais analfabetos é muito grande e os alunos não têm acesso a materiais de apoio a não ser dentro das salas de aula; porém sabemos que também não é impossível desde que todos os envolvidos estejam engajados nesse processo. O professor é essencial, no entanto não deve ser o único responsável; cabe a ele repensar sempre a sua prática e planejar atividades desafiadoras acreditando que o aluno pode aprender independentemente de sua condição social.



RERÊNCIAS

MARTINS, Ana Rita; SANTOMAURO, Beatriz; BIBIANO, Bianca - Trabalho em grupo: Como agrupar meus alunos? Revista Nova Escola. Ano XXIV, n. 220, mar. 2009.

PROFA – Análise de atividade de alfabetização, 2002- M2 U5 T4.

2 comentários:

Paula Rodrigues disse...

Marcicleide a atividade de Alfabetização nos propocionou momentos de reflexão sobre a aquisição alfabetica dos nossos alunos.Mostrando caminhos já conhecidos mais que ainda estavam adormecidos e que acabaram sendo despertados,tranzendo assim um otimo tema sobre a leitura e escrita na sala de aula.

Gleivia Rodrigues disse...

A Atividade de Alfabetização nos fez repensar na importância dos agrupamentos e na valorização da interação na produção da aquisição da base alfabética .